Nos
segundos em que era enrolada pela onda enraivecida (ou apaixonada. Que apenas
se queria unir ao meu corpo.). Nesses segundos em que o tempo parou. Sem
qualquer razão voltou quando a primeira molécula de oxigénio entrou nos meus
pulmões. Saí da água. Ainda fumegante e assustada. Reentrei no minuto a seguir.
Não se pode ganhar medos. O primeiro susto tem de ser um convite irrecusável
para a possibilidade do segundo. Nunca aconteceu. E ainda me espanta. Quando as
ondas gigantes se preparam para invadir a terra e domar a areia. Eis que
aparece o navegador. Penetra o mais profundo coração e sobe à superfície atrás
da besta já pronta a dissolver-se de novo no Oceano. Victória ganha. Mais
ondas. Mais navegadores. Penso que é pela inspiração do 12º ano. Fernando
Pessoa lê-nos silenciosamente – ou muitas vezes com a voz áspera do professor
de português – a grandeza que os portugueses conquistaram no mar. No mar que é
nosso. E como o seu mito perdura no coração do Oceano. Espera ansiosamente pelo
amo que acorde. Sim. É de certeza da inspiração. Quer dizer… que mais poderia
insinuar a loucura necessária ao homem que quer ser maior que “metade de nada”?
De correr o risco de morrer na conquista das ondas – soldados prontos a
proteger as profundezas? Eu diria que os portugueses são loucos. Loucos pelo
mar. Loucos pela grandeza que lhes é associada. Só precisam de a proclamar.
Povo que tem
paixão. Povo que tem sacrifício diário. Povo que não se deixa comprar pelo
desespero. Falo de uma povoação qualquer. Uma povoação que é a maior nação
adormecida. Acorda agora. Acorda para comer. Mas acorda. E isso quer dizer que
se vai mexer. Que vai transformar o mundo espectador da sua obra. Dizem por aí
um nome. Falam de um país à beira mar. De montes e vales que assistiram aos
maiores reis. Que viram formar-se um sistema de educação de onde saem pessoas.
Pessoas que impressionam o mundo. Marcam a diferença. Deixam a necessidade de
se conhecer o grande país de onde vêm. Mas claro. Podem ser só boatos. Boatos
de jovens que percorrem o mundo proclamando que são Portugueses. Cantando ao
vento. “Traz o teu pior infortúnio. Não fará diferença. Não desmoronará a nação
que tem mais vida que o próprio tempo.” Dizem que antes do mundo ser criado, os
Deuses tinham um plano: deixar o elemento mais merecedor conquistar o mundo por
sua própria vontade e força. Pensaram que seriam os Egípcios. Tal maneira era a
sua adoração. À hora do almoço (séculos mais tarde) Portugal tinha derrotado o
Adamastor. Tinha partilhado o mundo em duas metades. Portugal era um povo
perigoso. À hora do chá convidaram-no. Deram-lhe a beber a planta do sono.
Efeito que paralisava todo o seu corpo. Todo menos uma parte. Desde Camões até
Pessoa, o sonho sobreviveu ao feitiço. Agora. Força de vontade e o sonho de um
dia ver renascer a nação que preocupou os Deuses. Agora. Portugal acorda! Não
tens mais efeito sobre ti. O chão deixa de ser o teu horizonte. Fá-lo o mar. O
céu. E a terra. Olha-te ao espelho e vê as tuas capacidades. Vê o povo unido.
Forte. Chamando por um líder (não um político. Um líder.). Sentindo o coração
palpitar. Acorda. Ouve a tua gente que já aguentou tanto. Que quer sentir-se
tua. Ouve-te a ti.
A literalmente vossa
Sem comentários:
Enviar um comentário