sábado, 1 de novembro de 2014

Parvoíces...

Parem de ser estúpidos!
Parem de admitir sentimentos quando nem sabem o que eles significam.
Como é que alguém pode amar alguém se não conhece essa pessoa completamente?
Como é que cabe na cabeça de alguém dizer “eu amo-te!” nos primeiros meses de relacionamento?
Parvoíce! E vai dar asneira!
Vai dar porque ainda nem sabem quem é a pessoa, como é que podem dizer que a aceitam exatamente como ela é e não a reconheceriam se fosse diferente?
Por isso para amar uma pessoa é preciso:
Ter conversas de conhecimento (e autoconhecimento) com a dita cuja;
Aturar todas as facetas;
Não saber o que se fazia da própria vida se a pessoa desaparecesse do mapa (a palavra morte parece-me demasiado forte e ambígua, mas é esse o ponto da questão);
Ter momentos bons para relembrar e momentos maus para refilar;

E é basicamente isto. Pouca coisa. Simples de fazer... Não! É exatamente como aqueles testes de faculdade que toda a gente adora que têm uma única pergunta. Traduz-se assim: escreve a matéria toda do semestre e não te esqueças das vírgulas.

Amar é conhecer
É impossível amar o desconhecido (por muito que eu diga que é em vários poemas, o que faz deles basicamente uma mentira)
É possível ser atraído por ele,
Ter necessidade de conhecimento (se bem que nessa altura deixaria de ser desconhecido),
Mas não é possível amar,
Deixem de ser imbecis e aceitem este facto tão simples.
Idiotas.


A literalmente vossa 

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Expressão de dar

Quando a arte deixa de ser para nós.
Quando os sentimentos servem para ser partilhados
Quando eu me dou absolutamente aos outros,
A Deus.
É quando assumo o verdadeiro artista.
Nada na vida pode ser feito para si,
Mas para os outros.
A arte é a expressão de doar que fica registado.
A poesia é a escrita do dar algo a alguém.
Assim como se dá uma flor a uma criança,
Apenas querendo o seu sorriso.
Eu escrevo um poema a um mundo,
Querendo exatamente o mesmo objetivo.
Cada pessoa e cada ser tem o direito a ser criança!
Tem o direito de chorar e rir sem ideias pré-definidas disso.
E quando a arte arranca uma lágrima ou um sorriso,
É quando a arte passa a ser arte.

De outro modo era apenas auto-expressão de um ser solitário.

A literalmente vossa

Oferta

Tudo o que escrevo é entregue ao mundo, mas aquilo que sou... só a mim pertence! Não me obriguem a ser quem não sou. O que escrevo não tem de ser o que sou. Porque eu nunca sei quem sou. Mas eu sei quem represento.
            Não deixem a minha vida ser impasse para a minha arte. Nada uma coisa tem a ver com a outra.
Se eu fosse médica agiria como médica, se eu fosse, porém advogada então as minhas ações baseavam-se naquilo que é preciso ser para ser advogada. Mas eu não sou nada, sou uma escritora.
Ofereço-te aquilo que quero ser, não aquilo que fui, muito menos aquilo que sou e provavelmente não aquilo que serei. Mas ofereço ao mundo o meu ideal e a minha fantasia de um mundo em que as minhas orações surtam efeito.
Em que Deus que eu conheço se espalhe nos corações de quem não deixa entrar a felicidade pelo mesmo medo que eu um dia senti.
Não poderia eu, a pedido de muitos, retirar Deus dos meus textos. É com Ele que eu vivo e é com Ele que a minha alma se inspira para escrever, e querer ser melhor. Se eu fosse política pensaria como política, mas não sou. Nem poderia. O fado já me tinha escolhido muito antes de eu saber o que era uma escolha, o que era a liberdade e como se usava, e que consequências é que ela trazia ao peito. Já antes de pensar como se respira estava escolhida pelo Universo para algo maior que eu. E eu, sem saber as consequências marcadas no meu peito e trazidas pelo fado, aceitei ser escritora. Desde pequena. Cada palavra estava mais perto do futuro.
Por isso, lamento o infortúnio, mas para além de mim existe Deus e o mundo e nem uma das três poderia ser retirada da equação. Se eu fosse matemática calcularia a equação resultante e sabia a média perfeita. Mas eu não sou matemática. Eu sou... tua.
A literalmente vossa


Mudança

A arte deve oferecer duas vertentes: ser arte por si; e ter conceito e/ou história de criação. Nem sem um é arte nem sem o outro. A arte só por si é mera superficialidade e o conceito abandonado não chega a ser algo. Para que possa interpolar e contar uma história tem de ter os dois aspetos. Nada que apenas interpele ajuda a evoluir ou leva a pensar na vida de uma maneira construtiva, nem nada que seja meramente educativo (porque todas as histórias da vida são uma lição que devemos aprender) interpela o suficiente para que as pessoas parem para olhar, sentir, ouvir, saborear ou cheirar.
E arte que não faça a comunidade evoluir é inútil! É lixo! Pois nenhum artista deve ser egoísta. Todo o artista deve e tem de ser altruísta, oferendo ao mundo aquilo que o mundo lhe ofereceu a ele: arte!
Esta é a era da caridade! Este é o pós-contemporâneo! Por si, cada vertente artística apercebe-se desta realidade. Já a arquitetura o faz assumidamente, principalmente em tantas cidades de África e um pouco por todos os outros continentes. Esta é uma necessidade que não nasceu de filósofos longíquos ou de políticos, mas da percepção que o capitalismo, tal como nós o conhecemos, tem os seus dias contados e o planeta não nos consegue sustentar eternamente com este ritmo de vida (não sejam geocêntricos, não temos de o salvar, mas a nós mesmos e à nossa qualidade de vida). Esta necessidade foi assumida, quer queiram quer não, pelo Papa. Nunca a igreja foi tão vista como caridosa e voltada para as pessoas.
Mas esse é um assunto tabu. Porque há tabus. Existem ao contrário dos que existiam anteriormente – ser católico (mesmo pacato) é vergonhoso e ser gay assumido é um orgulho – pois eu digo: acabem com o tabu! Não o escondam com outros assuntos.
Não me refiro a uma arte utópica em que todos queremos oferecer por oferecer sem noção do futuro. Toda e qualquer pessoa quer ser reconhecida por si e pelo seu trabalho e é isso que proponho: que reconheçam os artistas pela sua genialidade de criar caridade em forma de arte.
E quais os preceitos formais para tal movimento? É preciso o total desprendimento das regras gramaticais e métricas – e saliento que o total desprendimento de qualquer regra pressupõe o absoluto conhecimento da mesma.


A literalmente vossa

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Grito

Quanto eu gosto de fingir a dor que não tenho,
O sofrimento que não sinto
E a felicidade que não conheço.
Não sei mais se não fingir.
Mentir que a vida não é apática,
E que não me apetece dormir.
Nada mais e nada menos,
Dormir a vida toda.
Entrar num estado de dormência tal que se tem de criar um termo de hibernar para o ser humano por minha causa.
E depois....
Tenho de me mexer.
Tenho de correr para algo que eu não sei o que é, e sinceramente não quero saber.
Quero dormir.
Deixem-me dormir!
Porque não hei de dormir quando o mundo está parado à 500 anos?
Quando a vida não anda mais do que o sofrimento e a alegria passageira?
Já estive aí.
É engraçado.
Tem piada.
Mas é cansativo e faz-me querer dormir.
Que seca, sempre certinha, sempre correta, sempre com a mania de querer ser grande.
Para que é que eu hei de me preocupar?
Porque é que eu não deixo isso para os outros?
Aqueles que não querem dormir.
Mas eu quero.
Eu quero dormir.
Eu quero ressonar tão alto até que o som seja demasiado complicado para uma pessoa com sono explicar.
E eu estou com sono.
Eu quero dormir.
E enquanto não puder dormir...
Hei de gritar que quero dormir,
Até que o mundo inteiro saiba o meu nome
E a vontade que eu tenho de dormir.

A literalmente vossa