quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Há muito que não escrevia

Há muito que não escrevia

Há muito que não sentia o suficiente para escrever.

Ou sentia demais.

Não sei- porque não sei nada.

E só nada sabendo consigo saber alguma coisa.

Porque o conhecimento parte do desconhecimento.

Só o desconhecido pode ser descoberto.

Tudo aquilo que se conhece – ou acha que se conhece –

Não é mais do que as correias que nos prendem a nós mesmos.

Ao nosso orgulho

Que nos protege e afoga do mundo.

No mundo.

A escrita é a descoberta.

O escrever só pode ser sobre o nada.

O não sabido.

Para assim ter algum objetivo:

Melhorar, piorar.

Mudar!

E quando mudamos passamos a ser nós mesmos:

Seres em mudança.

Seres em relacionamento com o imperfeito.

Criados pelo perfeito

E destinados ao inacabado:

Pois só o que está inacabado pode ser melhorado.

Se fossemos seres finitos,

Éramos perfeitos, estupidamente imperfeitos

Um dos dois opostos.

Mas a piada:

Tudo na vida tem piada,

Até a dor. Especialmente a dor.

É que nós somos estupidamente imperfeitos,

Ansiosos pela perfeição.

E é esta ânsia que nos faz crescer. Melhorar.

Escrever.



A literalmente vossa

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