A literalmente vossa
quinta-feira, 11 de julho de 2013
Poesia
Há razões
de escrever. Há razões de falar. Há razões de fazer poesia. E porque é que eu
não posso fazê-lo? Porque é que me limito à prosa? Mesmo que essa possa ser
outro modo de poesia. Quero escrever poemas. Que rimem. Não rimem. Façam
sentido. Sentido nenhum. Mas quero escrever poemas. Passar para a linha de
baixo sem acabar a de cima. Deixar ideias por dizer. Não deixar nada por dizer.
Dizer tudo. E não dizer nada. Porque é isso que é a poesia. Não se diz nada.
Shhh. É segredo. Nada do que o poeta diz é a verdade. Nada. A verdade é aquela
que não é dita. É sentida. Passada. Criada. Interpretada pelas poucas palavras
que existem. Um tempo escreve-se. Outro lê-se. Outro interpreta-se. Sente-se.
quarta-feira, 3 de julho de 2013
O electricista português
Existem
dois tipos de eletricistas: o que se sente pobre por ser apenas um eletricista.
Afinal não é nada. que pode ele dar ao mundo?; e existe o que é a essência de
Portugal: aquele que vai. Casa a casa. Lar a lar. Hospital a hospital. De
candeeiro de rua a lâmpada de casa de banho. Vai e espalha a luz. Que ilumina
de novo. Repara a escuridão e dá a possibilidade de ver. Promete o ambiente
para escrever. Ler. Namorar. Comer. Curar. O eletricista português é aquele que
sem saber. Português que é de Portugal nunca pensa que faz suficiente. Ilumina
o mundo inteiro. Só porque partilha com os outros o que sabe fazer: renovar a
lâmpada.
Ao longo do
tempo ninguém pode ser sozinho. Essa é uma aprendizagem importante. É por isso
que existem os outros. É por essa razão que os artistas nascem – para mostrar
ao mundo que a sua solidão é a base para que ninguém se sinta só. – Com esta característica do ser humano. Todos
nós precisamos de um eletricista. De alguém que percebe a nossa situação.
Porque já viu acontecer. Porque já passou por ela. Então ajuda-nos a trocar a
lâmpada. Ajuda-nos a brilhar por dentro de novo.
Diferente
do eletricista. O rico que fica em casa a ver televisão enquanto trabalham para
ele. Esse é na realidade mais pobre. É pobre de pessoas. Pobre de atos.
Acredito que para lá chegar foi um dia eletricista. Mas para ficar a ver
televisão esqueceu-se de o ser. Não falo de ideais cegos e frios. Quanto mais
riscos corremos maiores somos quando os ultrapassamos. Não tenhas medo
Portugal. Não tenhas medo de ser eletricista. É isso que foste destinado a ser.
É isso que sempre foste e irás ser. Por isso… não te negues. Mas assume-te. E
quando te assumes: és grande!
A literalmente vossa
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