segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Há dias em que não escrevo

Há dias em que não escrevo.
Há dias em que não quero saber.
Há dias pequenos.
Há dias grandes.
Há dias em que acredito em tudo.
Há dias em que o mais perfeito me repulsa e dias em que o imperfeito me incomoda.
Há dias bons e dias maus – claramente prefiro os maus.
Há dias em que sou eu e dias em que não me suporto.
Há dias em que tudo é possível.
Há dias em que o impossível é a única solução: não são esses os melhores dias?
Há dias em que sou feliz.
Há dias em que sou absolutamente miserável.
Há dias e dias.

Mas há noites...
Há noites em que me apaixono e noites em que tenho medo.
Há noites que não mudam. Porque a noite é muito concreta:
Ou amas o desconhecido e o invisível,
Ou o temes eternamente.
E sinceramente, eu escolhi adorá-lo com todas as minhas forças.
Nada mais há a dizer.

A literalmente vossa

A pior coisa a que me proponho é conhecer

A pior coisa a que me proponho é conhecer-me.

A verdade é a verdade.

Não muda nem se altera.

Não é possível escrever sobre ela porque é certa.

E a sensação de alívio que é saber quem sou apenas atormenta a possibilidade de ser e ser.

Eu amo o não ser.

Amo o impossível.

Só com ele consigo ser algo de interessante.

Não me metam ordem.

Não me interessa a razão.

No dia em que me reger pela verdade universal

Tentem matar-me.

Impossível.

Já estou morta.

Todo o meu encanto e razão pela qual vivo desapareceu.

A única coisa que resta é a minha carne.

O meu coração que insiste em bater.

E não pára. Não percebo porquê mas não o faz.

Por isso, se o quiserem fazer por mim:

Poupam-me o esforço de ter de ser eu mesma.

 
A literalmente vossa