Há muito que não escrevia
Há muito que não sentia o suficiente para escrever.
Ou sentia demais.
Não sei- porque não sei nada.
E só nada sabendo consigo saber alguma coisa.
Porque o conhecimento parte do desconhecimento.
Só o desconhecido pode ser descoberto.
Tudo aquilo que se conhece – ou acha que se conhece –
Não é mais do que as correias que nos prendem a nós mesmos.
Ao nosso orgulho
Que nos protege e afoga do mundo.
No mundo.
A escrita é a descoberta.
O escrever só pode ser sobre o nada.
O não sabido.
Para assim ter algum objetivo:
Melhorar, piorar.
Mudar!
E quando mudamos passamos a ser nós mesmos:
Seres em mudança.
Seres em relacionamento com o imperfeito.
Criados pelo perfeito
E destinados ao inacabado:
Pois só o que está inacabado pode ser melhorado.
Se fossemos seres finitos,
Éramos perfeitos, estupidamente imperfeitos
Um dos dois opostos.
Mas a piada:
Tudo na vida tem piada,
Até a dor. Especialmente a dor.
É que nós somos estupidamente imperfeitos,
Ansiosos pela perfeição.
E é esta ânsia que nos faz crescer. Melhorar.
Escrever.
A literalmente vossa