Quanto eu gosto de fingir a dor que não tenho,
O sofrimento que não sinto
E a felicidade que não conheço.
Não sei mais se não fingir.
Mentir que a vida não é apática,
E que não me apetece dormir.
Nada mais e nada menos,
Dormir a vida toda.
Entrar num estado de dormência tal que se tem de criar um
termo de hibernar para o ser humano por minha causa.
E depois....
Tenho de me mexer.
Tenho de correr para algo que eu não sei o que é, e
sinceramente não quero saber.
Quero dormir.
Deixem-me dormir!
Porque não hei de dormir quando o mundo está parado à 500
anos?
Quando a vida não anda mais do que o sofrimento e a alegria
passageira?
Já estive aí.
É engraçado.
Tem piada.
Mas é cansativo e faz-me querer dormir.
Que seca, sempre certinha, sempre correta, sempre com a
mania de querer ser grande.
Para que é que eu hei de me preocupar?
Porque é que eu não deixo isso para os outros?
Aqueles que não querem dormir.
Mas eu quero.
Eu quero dormir.
Eu quero ressonar tão alto até que o som seja demasiado
complicado para uma pessoa com sono explicar.
E eu estou com sono.
Eu quero dormir.
E enquanto não puder dormir...
Hei de gritar que quero dormir,
Até que o mundo inteiro saiba o meu nome
E a vontade que eu tenho de dormir.
A literalmente vossa