Quem me dera que a escrita fosse
como a música. Apenas transmitia algo. Sem interpretações. Sem palavras com
sentido e significado. Porque o escritor passa pelas letras sem pensar no seu
conjunto. Apenas dança com aquilo que vem a ser um texto completo. E quem o lê é um ignorante! Não chega nem a metade do que o texto significa. Simboliza.
Transmite. A maneira como tocamos nas letras. Umas suavemente... outras com
toda a raiva do mundo que é apenas mentira. É tudo mentira. Tudo o que o poeta
diz. Todas as palavras são mentira. Criadas por um sentimento que não existe.
Nunca existiu. Mas era tão bom que existisse. Aquele sentimento de pertença. De
repulsa. De incompreensão que apenas serve para fingir que se é alguém de
importante. Com sentimentos superiores a todos os outros. Que na verdade não
são nada: vazio. Desespero que nem sequer existe. A escrita é a imaginação do
mentiroso. Que sonha ser mais que o Homem. Sentir é para os Deuses. Eles devem
possuir o sentimento verdadeiro. Aquele que é explicado pela magia da música,
da imagem. De tudo menos da escrita.
A literalmente vossa